Duo argentino Kizun abre em Curitiba Sua segunda exposição individual
Obra da dupla tem como base a inserção da tatuagem como legítima expressão das artes plásticas
Pablo e Valeria |
Eles atuam juntos há 4 anos como um duo em seu estúdio em Buenos Aires, Argentina. E pela segunda vez serão protagonistas de uma exposição individual – agora em Curitiba.
Valeria Fukugana e Pablo de Medio são dois artistas plásticos argentinos que formam o Kizun, um projeto que pretende executar a arte nas mais diferentes plataformas. Incluindo a pele humana, onde concentram boa parte de seu trabalho. Pela segunda vez estão em Curitiba, ambas a convite do Estúdio e Galeria Teix. Desta vez, além de tatuar como residentes da casa, serão também os protagonistas da exposição de arte que será uma das principais atrações do Visiva 2017 – grande encontro de arte e tatuagem artístico realizado anualmente pelo estúdio/galeria.
Veja a entrevista que eles deram à Zelig:
Zelig: Esta não é a primeira exposição de vocês, correto?
Pablo: Já tivemos a oportunidade de participar de uma convocatória da Aliança Francesa em Buenos Aires, além de outras coletivas.
Vale: Sempre buscamos ampliar nosso trabalho para além da tatuagem, levá-la para outros suportes. A tatuagem ainda é nossa principal fonte de trabalho mas sempre que há a possibilidade de ampliar esse campo nós o fazemos – apesar de na Argentina ainda haver um preconceito no circuito de arte tradicional pelo fato de sermos tatuadores.
Pablo: Até por isso, sempre que podemos nós fazemos questão de inserir a tatuagem no nesse meio da arte tradicional. Na Argentina, muito mais do que no Brasil, a tatuagem está miuto separada das outras artes; a tatuagem ainda é um ofício bastante discriminado.
Composição do Kizun |
Apesar de serem mais conhecidos pela tatuagem, como é essa experiência de vocês com as artes plásticas.
Vale: Sua professora de artes e pinturas, sou acadêmica de Artes Plásticas e me formei nesta escola tradicional. Já participei de programas de arte contemporânea e agora estou estudando pintura japonesa. Quando acadêmica eu nunca havia imaginado que fosse tatuar e tampouco conhecia este universo, foi algo que surgiu mais tarde.
Pablo: Eu comecei a trabalhar com fotografia e cinema, passei por alguns estúdios, e depois a passei a me interessar e me aprofundar em arte digital também. E foi nesse momento que me encontrei também com a tatuagem e me transformar em tatuador é algo que aconteceu de forma bastante natural; criar uma imagem e transpô-la em uma tattoo.
O que vocês vão apresentar aqui nesta exposição aqui na Teix ?
Pablo: A mostra se chama “Piezas” (Peças, em português). Basicamente a ideia é mostrarmos nesta exposição a forma como trabalhamos. Dizemos que nosso trabalho só existe porque há um “outro”, nossa obra sempre começa a partir de outro. Então, a mostra reforça este conceito.
Vale: Kizun tem um trabalho bastante livre, mas na tatuagem sempre partimos do desejo de outra pessoa.
Pablo: Partimos do ponto de que cada pessoa no mundo é distinta, então cada tattoo também deve ser distinta. Cada corpo é um suporte também distinto – seja pela firma física, pela personalidade... Este é um fator muito importante dentro de nossa obra. Por isso chamamos a exposição de “Peças”: ela se formou basicamente a partir de diversas de pessoas que chegaram até nós para ter esta experiência.
Vale: A exposição tem apenas uma instalação. Pensamos muito sobre o que mostrar, fomos à Europa buscar referências e em Buenos Aires acabamos de dar forma à mostra.
Composição do Kizun que gerou a logo do Visiva |
Vocês tatuam há quanto tempo?
Pablo: Kizun tem quase quatro anos.
Vale: Mas já tatuávamos antes. Eu trabalho com tatuagem há cinco anos.
É a segunda vez de vocês no Brasil. Vocês vêem muita diferença entre a cena da tatuagem argentina para a daqui?
Pablo: Sim, há muita diferença. Acredito que por uma questão de volume, aqui no Brasil há um número muito maior de tatuadores autorais. Na Argentina, ainda há um foco muito grande na tattoo tradicional. A mudança que já aconteceu aqui agora que está começando por lá, mas de forma muito lenta. Aqui certamente há muito mais veia artística dentro da tatuagem.
Vale: Aqui a gente sente uma outra vibração, uma sinergia muito linda entre os tatuadores de várias partes do país que viajam para outros estados e trocam suas experiências e conhecimentos.
Pablo: Até por isso nós sempre
Vocês tem alguma técnica preferida?
Pablo: Para criar, somos muito livres. Buscarmos referências, usamos fotos, imagens, pinturas outros elementos.
Vale: Criamos pinturas com diferentes técnicas. Pintura acrílica, com pincel, um estilo mais pesado, ou estilo japonesa, mais aguada. São várias técnicas, dependendo do objetivo e do efeito que queremos dar à tattoo.
Vocês criam e executam os trabalhos em conjunto ou individualmente?
Vale: Temos nossos trabalhos individuais, mas como Kizun trabalhamos a quatro mãos em todas as obras. É um trabalho colaborativo. Nós entrevistamos juntos a pessoa interessada na tatuagem e criamos junto, de acordo com o tipo de trabalho que ela espera. Às vezes tatuamos juntos também, principalmente nos desenhos maiores, mas é algo mais difícil.
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S E R V I Ç O
Exposição “Piezas”
Duo Kizun, de Buenos Aires
Abertura nesta sexta-feira (13), às 18 horas, junto com a abertura oficial do Visiva
Local: Galeria Teix (Al. Augusto Stellfeld, 1581)
Coquetel e show da banda Gringo’s Washboard
Entrada franca
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